UBERLÂNDIA

Médica mentiu gravidez enquanto tentava 'conseguir' um bebê antes de rapto

Mulher foi indiciada por tráfico de pessoas e falsidade ideológica; penas, somadas, am de 10 anos de reclusão

O Tempo/Isabela Abalen
Publicado em 07/08/2024 às 08:03
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A recém-nascida sequestrada no Hospital das Clínicas de Uberlândia (HC-UFU) não foi a primeira tentativa da médica neurologista Claudia Soares Alves, de 42 anos, em "conseguir" um bebê. O inquérito da Polícia Civil de Goiás, divulgado nesta terça-feira (6 de agosto), desvendou que a profissional vinha, há meses, tentando adoção ilegal com famílias vulneráveis. 

Conforme a investigação, a médica mentiu que estava grávida à própria família, enquanto procurava aliciar pais em situação de vulnerabilidade para que eles entregassem a filha à ela. "A investigada comprou enxoval para bebês, e procurou, em outros estados da federação, crianças aptas a serem adotadas ilegalmente por ela, utilizando, nessa última conduta, de fraude, e aliciando pessoas vulneráveis para entregarem seus recém-nascidos", informa a Polícia Civil. 

Dessa forma, as roupinhas de bebê e bolsas da cor de rosa, encontradas no carro da suspeita no dia do sequestro, faziam parte do crime premeditado. A médica foi indiciada por falsidade ideológica e tráfico de pessoas. As penas, somadas, podem chegar a mais de 10 anos de reclusão – veja abaixo. A suspeita está presa preventivamente desde o dia 25 de julho. 

Investigada foi considerada apta a adotar

Segundo o inquérito da Polícia Civil de Goiás, a mulher teve sucesso em ser cadastrada na fila de aptos a adotar, apesar dos laudos psiquiátricos apontados pela defesa da investigada. 

"O processo judicial [do cadastro na fila de adoção] indicou aptidão psicológica favorável à ela, inclusive se baseando em documentação fornecida por ela durante o feito", afirma a Polícia Civil. Mesmo assim, o advogado de defesa de Claudia, Vladimir Rezende, afirmou à reportagem que irá solicitar à Justiça o exame para atestar incidente de insanidade mental.

O advogado alegou que a cliente sofre de transtorno afetivo bipolar, atestado por laudo médico, e que não tinha "capacidade de discernir" suas ações no momento do sequestro. O TEMPO teve o ao relatório médico da investigada, que receita à ela seis remédios psiquiátricos.

Falsidade ideológica

A investigação considerou ainda, que, no dia do crime, a neurologista Cláudia Soares fraudou a própria identidade para conseguir o facilitado ao Hospital das Clínicas. Conforme a PC: "a indiciada usou um nome falso para entrar no hospital e, também, se prevaleceu da sua condição de professora universitária daquela instituição, o que facilitou a entrada dela no local sem levantar suspeitas dos servidores". 

O que diz a defesa da médica":[]}