VIOLÊNCIA

Brigas por causas diversas matam mais do que tráfico de drogas em MG

Relatório de Mortes Violentas Intencionais (MCI), elaborado pela Polícia Civil, apontou que as mortes decorrentes de brigas e atritos correspondem a 15,84% dos casos

O Tempo
Publicado em 25/10/2023 às 14:53
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Polícia Civil de Minas Gerais realizou um estudo sobre os casos ocorridos entre janeiro e junho de 2022 (Foto/Léo Fontes)

Polícia Civil de Minas Gerais realizou um estudo sobre os casos ocorridos entre janeiro e junho de 2022 (Foto/Léo Fontes)

As brigas, por motivos diversos, matam mais que o tráfico de drogas em Minas Gerais. É o que aponta o relatório de Mortes Violentas Intencionais (MCI), elaborado pela Polícia Civil do estado. O estudo apontou que as mortes decorrentes de brigas e atritos correspondem a 15,84% dos 1465 registrados no em Minas. O índice é superior aos relacionados aos casos de envolvimento com drogas, com 14,88%. O estudo considerou os crimes de homicídio ocorridos entre janeiro e junho de 2022. 

“Os números desmitificam uma sensação que a sociedade tem de que todo crime de homicídio está relacionado ao tráfico de drogas. As pessoas quando encontram um corpo baleado logo associam ao tráfico, o que não é uma verdade. Existem outras causas e até mais recorrentes”, revela a pesquisadora Ludmila Ribeiro, do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp), da Universidade Federal de Minas Gerais.

Para a estudiosa, o comportamento intolerante de parte da sociedade somado ao o as armas de fogo, principalmente, ajudam a justificar os dados. “Quando se começa investigar, a gente começa a entender que essas mortes são consequências de conflitos entre pessoas que possuem algum tipo de relação. Algo que se torna mais comum com o o as armas. Uma situação de ciúmes, disputa de vizinhança ou até mesmo instabilidade emocional que pode motivar esse tipo de delito”, avalia. 

O levantamento indicou ainda que 60,61% dos casos são decorrentes de outros motivos e que 8,67% ocorreram por vingança. O relatório considera como mortes violentas intencionais os casos “cujos efeitos propagadores vão além da perda original da vida humana”. A Polícia Civil de Minas Gerais entende que esses delitos prejudicam também a família e a comunidade que reside nas proximidades do local onde o crime ocorreu, sendo essas pessoas classificadas como “vítimas secundárias”. 

“Tal característica tem potencial para criar um ambiente violento que tem impacto negativo na sociedade, na economia e nas instituições governamentais”, argumenta a instituição. A Polícia considerou, a partir do estudo, que as mortes violentas intencionais podem afetar pessoas com perfis diversos, independentemente da idade, sexo, etnia e nível socioeconômico. “O estudo das MVI é relevante não só pela gravidade do crime, mas, também, porque são um dos indicadores mais mensuráveis e comparáveis para monitoramento do Estado”, acrescentou. 

Para a pesquisadora do Crisp, o relatório desenvolvido pela Polícia Civil de Minas Gerais é uma importante ferramenta para o desenvolvimento de políticas públicas e aperfeiçoamento da atuação das instituições de segurança no estado. “Isso revela uma polícia que está se abrindo ao controle social e que está se preparando para receber demandas que venham dessa divulgação. O único ponto ruim é que isso esteja acontecendo por agora. Além do estado, esse estudo vai permitir a academia se aproximar da instituição para aperfeiçoar as práticas”, considera. 

Veja o ranking com as principais causas dos crimes de homicídio em Minas Gerais

  1. Motivos diversos - 60,1%
  2. Brigas e atritos - 15,84%
  3. Envolvimento com o tráfico de drogas - 14,88%
  4. Vingança - 8,67%

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